26.12.07
21.2.07
EDUCAÇÃO - SOCIEDADE - EDUCAÇÃO
Penso que a educação nos nossos dias deverá assentar sobretudo em três vectores: Tradição, Vivência e Crítica. Tradição porque não podemos viver divorciados do nosso passado e o devemos ter em conta cada vez mais. Vivência, porque a experiência prática é nos dias de hoje determinante. Temos de estar dentro das coisas e não o inverso. Crítica, porque não podemos nem devemos abafar opinião nem liberdade de expressão.
É também claro que o desenvolvimento do processo educativo está actualmente repartido entre a sociedade, a família e a escola. Mas a divisão e o peso de cada um é substancialmente diferente. São cada vez mais os factores que influenciam e determinam este desenvolvimento.
A actual sociedade ao exigir uma contínua consolidação e actualização do conhecimento, remete para a educação a necessidade de ser uma construção contínua do ser humano, pelo que a escola desempenha então um papel fundamental e cada vez mais determinante neste processo. Por outro lado a família está cada vez mais longe, mais dividida e com menos tempo.
No estabelecimento de ensino onde me encontro a leccionar ( Escola EB 2,3), realizámos um pequeno inquérito sobre os hábitos de leitura da Comunidade Escolar. Entrevistámos 750 pessoas de entre os quais 50 eram professores. E o que constatámos:
1. 1. Os professores todos gostavam de ler. Aliás todos os inquiridos liam no momento algo. Na maioria romance.
2. 2. Os alunos, também liam. Banda Desenhada e a colecção Uma Aventura, lideravam no 2º ciclo. Mas ao subirmos na idade verificámos uma diminuição na vontade de ler por troca com outros interesses de actividade: televisão, musica, computadores e desporto...
3. 3. No 2º ciclo verificamos uma percentagem de hábitos de leitura de 80% (250 alunos)
4. 4. No 3º ciclo verificamos uma percentagem de hábitos de leitura de 40% ( 300 alunos)
Ou seja os nossos jovens até vêm com vontade de ler para o 2º ciclo, mas depois vão perdendo essa vontade aos poucos. Penso que por muito que os professores se esforcem neste nível de ensino, a sociedade é aqui determinante. E da escola cada um vai reter o que mais lhe interessa.
Assim sendo ou os professores se antecipam às situações e desarmam permanentemente os bombardeamentos “sociais” desenvolvendo nos alunos o sentido crítico e criativo sobre a actualidade, de modo a que eles mesmo possam construir o seu próprio amanhã. Ou corremos o risco, de não só , estarmos a empenhar a educação, mas também, a desgastar um conjunto de agentes educativos que cheios de vontade têm uma imaginação riquíssima que é um crime anular.
Carlos Alberto Ferrão Garcia
2002
É também claro que o desenvolvimento do processo educativo está actualmente repartido entre a sociedade, a família e a escola. Mas a divisão e o peso de cada um é substancialmente diferente. São cada vez mais os factores que influenciam e determinam este desenvolvimento.
A actual sociedade ao exigir uma contínua consolidação e actualização do conhecimento, remete para a educação a necessidade de ser uma construção contínua do ser humano, pelo que a escola desempenha então um papel fundamental e cada vez mais determinante neste processo. Por outro lado a família está cada vez mais longe, mais dividida e com menos tempo.
No estabelecimento de ensino onde me encontro a leccionar ( Escola EB 2,3), realizámos um pequeno inquérito sobre os hábitos de leitura da Comunidade Escolar. Entrevistámos 750 pessoas de entre os quais 50 eram professores. E o que constatámos:
1. 1. Os professores todos gostavam de ler. Aliás todos os inquiridos liam no momento algo. Na maioria romance.
2. 2. Os alunos, também liam. Banda Desenhada e a colecção Uma Aventura, lideravam no 2º ciclo. Mas ao subirmos na idade verificámos uma diminuição na vontade de ler por troca com outros interesses de actividade: televisão, musica, computadores e desporto...
3. 3. No 2º ciclo verificamos uma percentagem de hábitos de leitura de 80% (250 alunos)
4. 4. No 3º ciclo verificamos uma percentagem de hábitos de leitura de 40% ( 300 alunos)
Ou seja os nossos jovens até vêm com vontade de ler para o 2º ciclo, mas depois vão perdendo essa vontade aos poucos. Penso que por muito que os professores se esforcem neste nível de ensino, a sociedade é aqui determinante. E da escola cada um vai reter o que mais lhe interessa.
Assim sendo ou os professores se antecipam às situações e desarmam permanentemente os bombardeamentos “sociais” desenvolvendo nos alunos o sentido crítico e criativo sobre a actualidade, de modo a que eles mesmo possam construir o seu próprio amanhã. Ou corremos o risco, de não só , estarmos a empenhar a educação, mas também, a desgastar um conjunto de agentes educativos que cheios de vontade têm uma imaginação riquíssima que é um crime anular.
Carlos Alberto Ferrão Garcia
2002
4.2.07
MINI ANDEBOL
Introdução
Hoje em dia, ao mesmo tempo que prestamos uma grande atenção quando avaliamos o teor em proteínas, lípidos, hidratos de carbono e sais minerais da alimentação das nossas crianças, encontramos cada vez mais e infelizmente, crianças que bebem leite com ddt, comem peixe com mercúrio, carne com antibióticos e fruta com produtos químicos. Crianças essas que cada vez mais respiram ar com elevados teores de poluição e até recebem radiações do sol com luminosidade e elementos calóricos insuficientes. O resultado será obviamente doença e o risco, do crescimento e aparecimento de anomalias congénitas.
Por outro lado damos uma grande atenção ao equilíbrio emocional da criança. Sabemos como é importante dar amor e proporcionar uma atmosfera calma, onde elas possam encontrar prazer e segurança. Mas a realidade é que... onde as colocamos, cada vez existe mais velocidade, impaciência, suspeição e tensão.
Fazemos publicar os Direitos da Criança a uma vida saudável e feliz e no entanto permitimos a violência "gratuita", a destruição da natureza, o dinheiro fácil. Falamos de paz universal, mas todos os dias nos confrontamos com a guerra ou muito próximo dela. Este é o nosso Mundo actual, um espaço de constantes contradições onde tudo acontece a uma velocidade diabólica e que por isso exige uma permanente atenção e concentração na preparação de actividades para jovens, caso contrário vamos todos enrolarmo-nos numa bola de neve que só parará tal como as bolas de neve contra qualquer "coisa".
É do conhecimento geral, que quando começamos uma actividade desportiva com crianças, sobretudo colectiva, nunca lhes devemos dar o jogo tal como o conhecemos. Teremos sempre de o adaptar às características físicas, psicológicas e comportamentais das mesmas. Significa isto, que não é suficiente, por exemplo em alguns desportos, reduzir o tamanho do campo e da bola, a altura das balizas e o número de jogadores. O mais importante será proporcionar diferentes experiências e conteúdos adequados que conduzam a criança a comportamentos técnicos, tácticos e sociais o mais completos possível, assim como o mais aproximados possível da modalidade. O jogo das crianças é diferente do jogo dos adultos. O primeiro deve assegurar que no final do processo de iniciação a criança chegue nas melhores condições ao modelo que estabelecemos.
O Projecto Nacional do Mini - Andebol
Em tempos fomos responsáveis pelo lançamento no nosso País de um projecto de desenvolvimento juvenil no âmbito do andebol - o Projecto Nacional do Mini-Andebol. Tratou-se na altura de uma acção que visava combater uma real "crise" de praticantes. A crise define-se habitualmente como a fase decisiva de uma doença ou enfermidade. No entanto aplica-se muitas vezes noutros campos para caracterizar momentaneamente uma situação, o que era o caso.
Rápidas mudanças a velocidades vertiginosas provocam muitas vezes situações de crise que exigem projectos e programas especiais de intervenção. Pensamos que o desporto como fenómeno social resulta sempre de uma cultura, de uma civilização ou em alguns casos de uma ideologia e a sua evolução opera-se em correlação com a evolução da sociedade.
A enorme dispersão dos interesses da juventude exige que todo o projecto ou proposta de intervenção, proporcione actividades diferentes em tempos diferentes e transmita mais cedo uma mensagem atraente, motivante e pedagógicamente adaptada ao seu processo de desenvolvimento. É então sobre a experiência desse projecto que nos iremos debruçar.
Análise da situação
Se analisarmos a pedagogia aplicada nos últimos anos na iniciação desportiva de um modo geral, constatamos facilmente a sua lenta evolução se a compararmos com outras àreas, por exemplo, a matemática ou a iniciação à leitura. Os métodos mais utilizados caracterizam-se sobretudo por uma concepção instrumentalista e mecanicista do movimento. Considerou-se que a criança deveria aprender o "gesto eficaz", normalmente transportado do modelo de competição superior.
Este método de ensino, concebeu e concebe o jovem como uma máquina capaz de reproduzir exactamente os padrões que institucionalmente se aceitaram como básicos e que situam a "técnica" num lugar privilegiado. A influência do fenómeno desportivo levou a que se olhasse para a criança como um futuro campeão, construindo-se a partir daí todo o processo de formação do jovem jogador.
Assim fomos e infelizmente ainda somos, muitas vezes confrontados com situações como:
a pedagogia desportiva a construir-se a partir de modelos teóricos baseados na prática adulta de alto nível;
a demonstração e a repetição a serem os procedimentos mais utilizados;
na maior parte dos casos as actividades propostas a terem pouco a ver com os interesses e aspirações das crianças;
o treino, que apesar de tudo tem vindo a melhorar significativamente no que respeita à sua aplicação, a deixar pouco espaço para a improvisação, espontaneidade e liberdade lúdica.
A pedagogia aplicada convertia-se assim na transmissão operacional de técnicas desportivas, tornando-se apesar de tudo rentável a curto prazo, mas normalmente com benefícios ou efeitos positivos a longo prazo duvidosos.
Haveria que reflectir, e para tal tornava-se importante optar entre:
Objectivos a curto prazo ou a longo prazo?
Concepção desportiva ou concepção humanista da modalidade?
Só rendimento ou formação?
Definição clara de objectivos
Clarificada a terceira questão, isto é não haveria rendimento sem formação, estabeleceram-se então os princípios básicos do Projecto:
visava o longo prazo;
procurava o desenvolvimento do potencial individual;
propunha situações diversificadas;
propunha o método global;
estimulava a criação pessoal;
reivindicava uma atitude crítica;
procurava a polivalência;
deveria criar um envolvimento pedagógico em todo o processo;
respeitava as fases sensíveis e as etapas do desenvolvimento do jovem.
Uma nova educação desportiva?
Assim o Mini-Andebol aparece não como um jogo, mas como uma "filosofia", cuja base é essencialmente um jogo com bola para crianças. Esta filosofia deveria, por um lado valorizar o jogo infantil, isto é, incluir prazer, divertimento e aventura e, por outro lado, orientar-se no sentido da metodologia e da didáctica da educação física e desportiva para crianças do primeiro ciclo do ensino básico ( seis a dez anos de idade). Era assim na nossa opinião o Mini-Andebol, perfeitamente adaptável tanto à escola como aos clubes.
O que se oferece ás crianças de ambos os sexos na idade da escola primária deve orientar-se no sentido do jogo, do exercício lúdico e da realização de objectivos educativos sócio-afectivos. Para o andebol, significa que a experiência motora, a educação do movimento e a coordenação são tão importantes como o desenvolvimento dos conceitos específicos de jogo, tais como, espírito de equipa ou espírito desportivo, consigo próprio e com os outros. Assim o jogo e a experiência devem situar-se em primeiro plano, ficando num plano secundário o resultado e o desempenho. Numa sociedade tão competitiva, que valoriza tanto o triunfo ou a vitória, dár-lhe ênfase é por vezes demasiado fácil. Encontramos ainda muitos técnicos desportivos de grupos em iniciação que afirmam que ganhar tem menos importância, mas na prática não actuam de acordo com a sua teoria. Note-se os casos em que só utilizam os melhores jogadores, ou ateimam em jogadores lesionados ou até insistem nas observações depreciativas em relação aos erros dos praticantes.
Como em todas as áreas da actividade humana da sociedade moderna, o técnico desportivo está envolvido num processo acelerado de renovação da sua forma de intervenção como tal. A procura da construção da inteligência desportiva do praticante deve ser a grande preocupação e esta sem sombra de dúvida tem de assentar num correcto processo de ensino-aprendizagem. Se o que pretendemos são praticantes inteligentes então deveremos construir situações, metodologias e práticas inteligentes.
A aprendizagem não é um processo linear e faz-se por uma sucessão progressiva de competências, sendo mais difícil numas idades que noutras, tendo, por isso várias alternâncias ao nível locomotor, orgânico e perceptivo-motor. A diversidade de atitudes e de comportamentos face aos companheiros, aos adultos e à família, através da sua análise, facilitará a escolha de meios, actividades e tarefas que proporcionam um correcto desenvolvimento no processo de formação do jovem. Durante esse processo existem constantes e contínuas alterações a nível comportamental, facto esse resultante da interacção entre os processos de crescimento, de maturação e os estímulos fornecidos pelo meio envolvente.
O Mini-Andebol não é o andebol dos adultos. Os termos treino e táctica, não deverão ser tomados no seu verdadeiro significado. Regras simples devem ajudar as crianças a jogar à bola. Mini-Andebol é sobretudo animação.
Animação e aprendizagem unem-se aqui numa mesma actividade: brincar. E numa mesma ferramenta: brinquedo ( bola ). Deste modo, o tempo de brincar deverá transformar-se em tempo de aprender. E brincando a criança aprende o conhecimento do seu próprio corpo, manipulando concebe formas, cores tamanhos, brincando em grupo desenvolve a sua sociabilidade, imitando situações reais, desenvolve a maturidade. É importante também e aliás imprescindível que o adulto dedique tempo à criança, que esteja e brinque com ela.
Não se subentenda do atrás exposto que a eliminação da competição seja o primeiro passo. A competição faz parte da prática desportiva. A competição não é boa nem é má. A competição deverá ser um meio para compararmos as nossas faculdades e esforços com terceiros, segundo regras específicas e pré - estabelecidas.
No Mini-Andebol a competição tem de ser pura, mas para isso deveremos ter em conta a forma como competimos e o significado que damos à vitória. A competição no Mini-Andebol é uma forma salutar, curta e variada de convívio onde a vitória é só um meio e o prémio é secundário e igual para todos.
Ganhar não é tudo, mas esforçar-se por ganhar é!
Repare-se até que muitos atletas de relevo admitiram publicamente que as suas melhores recordações do desporto até nem foram as vitórias.
Mini - Andebol um jogo pedagógico
Todos sabemos já que é impossível transportar o modelo do andebol de alto nível para a principiante, enquanto neste as acções são lentas, descontínuas e a informação única centra-se na bola, no outro as acções são rápidas, encandeadas e com objectivos determinados. Os dois indivíduos são totalmente opostos. A observação da crianças fornece-nos então indicadores preciosos para a construção de propostas de trabalho. Assim a necessidade de manipulação e apropriação conduz-nos à situação quase obrigatória de uma criança - uma bola, por exemplo. A necessidade de actividade permanente leva-nos ao cálculo importante da quantidade de trabalho. A atenção limitada obriga a sessões curtas e variadas. A necessidade de jogar realça a importância das situações de carácter lúdico. A necessidade de ter êxito deverá resultar de situações em progressão e por último o nivelamento heterogéneo deverá passar por brincar só, com e contra, respeitando esta ordem. Em todo este processo a segurança deverá estar sempre contemplada.
Mas porque é que o Mini- Andebol é um jogo pedagógico? Sobretudo por quatro razões fundamentais: motivação, visão facilitada, relação física e relação social. Na primeira salientamos o facto de se ter reduzido o campo, a bola e as balizas, mas o mais importante mesmo é a liberdade de jogo (facilidades na execução técnica, deslocamentos e manipulação da bola). Na segunda salientamos o facto de existirem menos jogadores. Na terceira razão a importância vai para a existência de uma bola mais leve que facilita uma série de movimentos e acções. E por último o convívio, a ligação com o colega de equipa, o respeito pelo grupo em oposição, o respeito pelas decisões dos responsáveis e o respeito pelos regulamentos, tudo factores determinantes na educação desportiva.
A intervenção do adulto
Na intervenção do adulto é também importante que exista informação e formação em simultâneo, isto é que haja diálogo. O objectivo é ajudar a crescer física, psicológica e socialmente o praticante, aumentar a sua capacidade de tomar decisões e ajudá-lo a ser independente.
O técnico desportivo deverá enquanto participante activo no Mini-Andebol ser cooperante. Muitos pensam que cooperante significa desresponsabilização e desleixo. Não é verdade.
O técnico cooperante forma praticantes com estrutura e regras que possibilitam que os jovens adquiram capacidades para estabelecer as suas próprias metas e aprender a esforçarem-se para alcançá-las. Deverão existir regras e sobretudo ordem, respeito e educação, questões de partida que também se trabalham. Dirigir e dar instruções quando necessário, mas também deixar que sejam os jovens a decidir por si e a assumir as responsabilidades.
No Mini - Andebol é fundamental que o jovem sinta uma certa liberdade, mas liberdade organizada e sobretudo com controlo e segurança. O modelo adoptado e recomendado para os convívios desportivos que se designaram por "Festands" ( Festa do Andebol ) assim o aponta. Embora aparentemente possa parecer um modelo anárquico ( vários jogos e brincadeiras em simultâneo, no mesmo tempo e em espaços aproximados ), ele respeita uma série de princípios pedagógicos no âmbito da psicologia do desenvolvimento, isto é, compreende as dificuldades das crianças do ponto de vista motor, escolar e familiar, propõe situações variadas, simples e motivantes, mantém todo o grupo em actividade, procura a evolução natural das regras do jogo com o mínimo de restrições, procura o desenvolvimento das aptidões psicomotoras de base: saltar, correr, agarrar, lançar...
A relação com os pais e familiares
O sucesso do Projecto Nacional do Mini - Andebol, assentou em muitos factores. De entre outros, uma boa promoção inicial com materiais de qualidade, uma formação eficaz e abrangente de quadros, uma excelente relação com vários organismos e instituições oficiais e privadas, e também um enorme envolvimento dos pais e familiares.
Criar uma boa relação de trabalho com os pais é quase tão importante como a relação que se tem com as crianças. Com algum esforço conseguiu-se que os pais e familiares fossem os grandes organizadores dos convívios desportivos em muitas situações. A chave está no diálogo, na apresentação das propostas de programa e na auscultação das suas inquietações.
Os pais gostam de saber onde e com quem deixam os seus filhos, mas de uma forma precisa, exacta e organizada.
A realização de reuniões periódicas com os pais é determinante. Um momento para fazermos passar os pontos fortes da nossa mensagem, as nossas necessidades, dificuldades e expectativas. Uma excelente altura para tomarmos conhecimento do universo profissional dos pais e familiares e relacioná-lo com as nossas necessidades.
Muitos dirigentes apareceram, muitos monitores desportivos se revelaram, e em alguns casos muitos patrocinadores nasceram.
A realização de actividades conjuntas também é uma preocupação. Foram inúmeros os Campos de Férias Desportivos, onde para além da componente prática desportiva onde o pai poderia participar, a componente cultural e turística estava associada. Muitas crianças e adultos envolvidos no Projecto Nacional do Mini - Andebol conheceram locais, gentes e costumes que provavelmente não imaginavam.
É importante ter em conta que se queremos transmitir a mensagem mais cedo ao praticante, também estamos a chegar mais cedo aos pais, numa altura em que a ligação é muito forte e em que os pais só "cortam" ou pelo menos facilitam quando têm plena confiança.
Conclusão
Para formarmos cidadãos conscientes, responsáveis, independentes e que saibam agir em sociedade, temos de dirigir a educação à totalidade do Homem e ás suas reais necessidades. Só assim conseguiremos dotar os nossos jovens com uma série de pré - requisitos imprescindíveis à vivência na sociedade do futuro: um melhor auto-conhecimento, uma maior auto-estima, um melhor ajustamento da conduta, uma maior autonomia e uma acrescida responsabilidade social.
È neste contexto, que os jogos, institucionalizados ou não, que promovem e incentivam relações e reacções com uma forte componente sócio-afectiva, surgem como um meio de inegável valor educativo. Paralelamente ao ensino da leitura, da escrita, da aritmética, matérias ditas de base a educação desportiva deve ocupar um lugar privilegiado.
Carlos Garcia
Outubro de 2001
Hoje em dia, ao mesmo tempo que prestamos uma grande atenção quando avaliamos o teor em proteínas, lípidos, hidratos de carbono e sais minerais da alimentação das nossas crianças, encontramos cada vez mais e infelizmente, crianças que bebem leite com ddt, comem peixe com mercúrio, carne com antibióticos e fruta com produtos químicos. Crianças essas que cada vez mais respiram ar com elevados teores de poluição e até recebem radiações do sol com luminosidade e elementos calóricos insuficientes. O resultado será obviamente doença e o risco, do crescimento e aparecimento de anomalias congénitas.
Por outro lado damos uma grande atenção ao equilíbrio emocional da criança. Sabemos como é importante dar amor e proporcionar uma atmosfera calma, onde elas possam encontrar prazer e segurança. Mas a realidade é que... onde as colocamos, cada vez existe mais velocidade, impaciência, suspeição e tensão.
Fazemos publicar os Direitos da Criança a uma vida saudável e feliz e no entanto permitimos a violência "gratuita", a destruição da natureza, o dinheiro fácil. Falamos de paz universal, mas todos os dias nos confrontamos com a guerra ou muito próximo dela. Este é o nosso Mundo actual, um espaço de constantes contradições onde tudo acontece a uma velocidade diabólica e que por isso exige uma permanente atenção e concentração na preparação de actividades para jovens, caso contrário vamos todos enrolarmo-nos numa bola de neve que só parará tal como as bolas de neve contra qualquer "coisa".
É do conhecimento geral, que quando começamos uma actividade desportiva com crianças, sobretudo colectiva, nunca lhes devemos dar o jogo tal como o conhecemos. Teremos sempre de o adaptar às características físicas, psicológicas e comportamentais das mesmas. Significa isto, que não é suficiente, por exemplo em alguns desportos, reduzir o tamanho do campo e da bola, a altura das balizas e o número de jogadores. O mais importante será proporcionar diferentes experiências e conteúdos adequados que conduzam a criança a comportamentos técnicos, tácticos e sociais o mais completos possível, assim como o mais aproximados possível da modalidade. O jogo das crianças é diferente do jogo dos adultos. O primeiro deve assegurar que no final do processo de iniciação a criança chegue nas melhores condições ao modelo que estabelecemos.
O Projecto Nacional do Mini - Andebol
Em tempos fomos responsáveis pelo lançamento no nosso País de um projecto de desenvolvimento juvenil no âmbito do andebol - o Projecto Nacional do Mini-Andebol. Tratou-se na altura de uma acção que visava combater uma real "crise" de praticantes. A crise define-se habitualmente como a fase decisiva de uma doença ou enfermidade. No entanto aplica-se muitas vezes noutros campos para caracterizar momentaneamente uma situação, o que era o caso.
Rápidas mudanças a velocidades vertiginosas provocam muitas vezes situações de crise que exigem projectos e programas especiais de intervenção. Pensamos que o desporto como fenómeno social resulta sempre de uma cultura, de uma civilização ou em alguns casos de uma ideologia e a sua evolução opera-se em correlação com a evolução da sociedade.
A enorme dispersão dos interesses da juventude exige que todo o projecto ou proposta de intervenção, proporcione actividades diferentes em tempos diferentes e transmita mais cedo uma mensagem atraente, motivante e pedagógicamente adaptada ao seu processo de desenvolvimento. É então sobre a experiência desse projecto que nos iremos debruçar.
Análise da situação
Se analisarmos a pedagogia aplicada nos últimos anos na iniciação desportiva de um modo geral, constatamos facilmente a sua lenta evolução se a compararmos com outras àreas, por exemplo, a matemática ou a iniciação à leitura. Os métodos mais utilizados caracterizam-se sobretudo por uma concepção instrumentalista e mecanicista do movimento. Considerou-se que a criança deveria aprender o "gesto eficaz", normalmente transportado do modelo de competição superior.
Este método de ensino, concebeu e concebe o jovem como uma máquina capaz de reproduzir exactamente os padrões que institucionalmente se aceitaram como básicos e que situam a "técnica" num lugar privilegiado. A influência do fenómeno desportivo levou a que se olhasse para a criança como um futuro campeão, construindo-se a partir daí todo o processo de formação do jovem jogador.
Assim fomos e infelizmente ainda somos, muitas vezes confrontados com situações como:
a pedagogia desportiva a construir-se a partir de modelos teóricos baseados na prática adulta de alto nível;
a demonstração e a repetição a serem os procedimentos mais utilizados;
na maior parte dos casos as actividades propostas a terem pouco a ver com os interesses e aspirações das crianças;
o treino, que apesar de tudo tem vindo a melhorar significativamente no que respeita à sua aplicação, a deixar pouco espaço para a improvisação, espontaneidade e liberdade lúdica.
A pedagogia aplicada convertia-se assim na transmissão operacional de técnicas desportivas, tornando-se apesar de tudo rentável a curto prazo, mas normalmente com benefícios ou efeitos positivos a longo prazo duvidosos.
Haveria que reflectir, e para tal tornava-se importante optar entre:
Objectivos a curto prazo ou a longo prazo?
Concepção desportiva ou concepção humanista da modalidade?
Só rendimento ou formação?
Definição clara de objectivos
Clarificada a terceira questão, isto é não haveria rendimento sem formação, estabeleceram-se então os princípios básicos do Projecto:
visava o longo prazo;
procurava o desenvolvimento do potencial individual;
propunha situações diversificadas;
propunha o método global;
estimulava a criação pessoal;
reivindicava uma atitude crítica;
procurava a polivalência;
deveria criar um envolvimento pedagógico em todo o processo;
respeitava as fases sensíveis e as etapas do desenvolvimento do jovem.
Uma nova educação desportiva?
Assim o Mini-Andebol aparece não como um jogo, mas como uma "filosofia", cuja base é essencialmente um jogo com bola para crianças. Esta filosofia deveria, por um lado valorizar o jogo infantil, isto é, incluir prazer, divertimento e aventura e, por outro lado, orientar-se no sentido da metodologia e da didáctica da educação física e desportiva para crianças do primeiro ciclo do ensino básico ( seis a dez anos de idade). Era assim na nossa opinião o Mini-Andebol, perfeitamente adaptável tanto à escola como aos clubes.
O que se oferece ás crianças de ambos os sexos na idade da escola primária deve orientar-se no sentido do jogo, do exercício lúdico e da realização de objectivos educativos sócio-afectivos. Para o andebol, significa que a experiência motora, a educação do movimento e a coordenação são tão importantes como o desenvolvimento dos conceitos específicos de jogo, tais como, espírito de equipa ou espírito desportivo, consigo próprio e com os outros. Assim o jogo e a experiência devem situar-se em primeiro plano, ficando num plano secundário o resultado e o desempenho. Numa sociedade tão competitiva, que valoriza tanto o triunfo ou a vitória, dár-lhe ênfase é por vezes demasiado fácil. Encontramos ainda muitos técnicos desportivos de grupos em iniciação que afirmam que ganhar tem menos importância, mas na prática não actuam de acordo com a sua teoria. Note-se os casos em que só utilizam os melhores jogadores, ou ateimam em jogadores lesionados ou até insistem nas observações depreciativas em relação aos erros dos praticantes.
Como em todas as áreas da actividade humana da sociedade moderna, o técnico desportivo está envolvido num processo acelerado de renovação da sua forma de intervenção como tal. A procura da construção da inteligência desportiva do praticante deve ser a grande preocupação e esta sem sombra de dúvida tem de assentar num correcto processo de ensino-aprendizagem. Se o que pretendemos são praticantes inteligentes então deveremos construir situações, metodologias e práticas inteligentes.
A aprendizagem não é um processo linear e faz-se por uma sucessão progressiva de competências, sendo mais difícil numas idades que noutras, tendo, por isso várias alternâncias ao nível locomotor, orgânico e perceptivo-motor. A diversidade de atitudes e de comportamentos face aos companheiros, aos adultos e à família, através da sua análise, facilitará a escolha de meios, actividades e tarefas que proporcionam um correcto desenvolvimento no processo de formação do jovem. Durante esse processo existem constantes e contínuas alterações a nível comportamental, facto esse resultante da interacção entre os processos de crescimento, de maturação e os estímulos fornecidos pelo meio envolvente.
O Mini-Andebol não é o andebol dos adultos. Os termos treino e táctica, não deverão ser tomados no seu verdadeiro significado. Regras simples devem ajudar as crianças a jogar à bola. Mini-Andebol é sobretudo animação.
Animação e aprendizagem unem-se aqui numa mesma actividade: brincar. E numa mesma ferramenta: brinquedo ( bola ). Deste modo, o tempo de brincar deverá transformar-se em tempo de aprender. E brincando a criança aprende o conhecimento do seu próprio corpo, manipulando concebe formas, cores tamanhos, brincando em grupo desenvolve a sua sociabilidade, imitando situações reais, desenvolve a maturidade. É importante também e aliás imprescindível que o adulto dedique tempo à criança, que esteja e brinque com ela.
Não se subentenda do atrás exposto que a eliminação da competição seja o primeiro passo. A competição faz parte da prática desportiva. A competição não é boa nem é má. A competição deverá ser um meio para compararmos as nossas faculdades e esforços com terceiros, segundo regras específicas e pré - estabelecidas.
No Mini-Andebol a competição tem de ser pura, mas para isso deveremos ter em conta a forma como competimos e o significado que damos à vitória. A competição no Mini-Andebol é uma forma salutar, curta e variada de convívio onde a vitória é só um meio e o prémio é secundário e igual para todos.
Ganhar não é tudo, mas esforçar-se por ganhar é!
Repare-se até que muitos atletas de relevo admitiram publicamente que as suas melhores recordações do desporto até nem foram as vitórias.
Mini - Andebol um jogo pedagógico
Todos sabemos já que é impossível transportar o modelo do andebol de alto nível para a principiante, enquanto neste as acções são lentas, descontínuas e a informação única centra-se na bola, no outro as acções são rápidas, encandeadas e com objectivos determinados. Os dois indivíduos são totalmente opostos. A observação da crianças fornece-nos então indicadores preciosos para a construção de propostas de trabalho. Assim a necessidade de manipulação e apropriação conduz-nos à situação quase obrigatória de uma criança - uma bola, por exemplo. A necessidade de actividade permanente leva-nos ao cálculo importante da quantidade de trabalho. A atenção limitada obriga a sessões curtas e variadas. A necessidade de jogar realça a importância das situações de carácter lúdico. A necessidade de ter êxito deverá resultar de situações em progressão e por último o nivelamento heterogéneo deverá passar por brincar só, com e contra, respeitando esta ordem. Em todo este processo a segurança deverá estar sempre contemplada.
Mas porque é que o Mini- Andebol é um jogo pedagógico? Sobretudo por quatro razões fundamentais: motivação, visão facilitada, relação física e relação social. Na primeira salientamos o facto de se ter reduzido o campo, a bola e as balizas, mas o mais importante mesmo é a liberdade de jogo (facilidades na execução técnica, deslocamentos e manipulação da bola). Na segunda salientamos o facto de existirem menos jogadores. Na terceira razão a importância vai para a existência de uma bola mais leve que facilita uma série de movimentos e acções. E por último o convívio, a ligação com o colega de equipa, o respeito pelo grupo em oposição, o respeito pelas decisões dos responsáveis e o respeito pelos regulamentos, tudo factores determinantes na educação desportiva.
A intervenção do adulto
Na intervenção do adulto é também importante que exista informação e formação em simultâneo, isto é que haja diálogo. O objectivo é ajudar a crescer física, psicológica e socialmente o praticante, aumentar a sua capacidade de tomar decisões e ajudá-lo a ser independente.
O técnico desportivo deverá enquanto participante activo no Mini-Andebol ser cooperante. Muitos pensam que cooperante significa desresponsabilização e desleixo. Não é verdade.
O técnico cooperante forma praticantes com estrutura e regras que possibilitam que os jovens adquiram capacidades para estabelecer as suas próprias metas e aprender a esforçarem-se para alcançá-las. Deverão existir regras e sobretudo ordem, respeito e educação, questões de partida que também se trabalham. Dirigir e dar instruções quando necessário, mas também deixar que sejam os jovens a decidir por si e a assumir as responsabilidades.
No Mini - Andebol é fundamental que o jovem sinta uma certa liberdade, mas liberdade organizada e sobretudo com controlo e segurança. O modelo adoptado e recomendado para os convívios desportivos que se designaram por "Festands" ( Festa do Andebol ) assim o aponta. Embora aparentemente possa parecer um modelo anárquico ( vários jogos e brincadeiras em simultâneo, no mesmo tempo e em espaços aproximados ), ele respeita uma série de princípios pedagógicos no âmbito da psicologia do desenvolvimento, isto é, compreende as dificuldades das crianças do ponto de vista motor, escolar e familiar, propõe situações variadas, simples e motivantes, mantém todo o grupo em actividade, procura a evolução natural das regras do jogo com o mínimo de restrições, procura o desenvolvimento das aptidões psicomotoras de base: saltar, correr, agarrar, lançar...
A relação com os pais e familiares
O sucesso do Projecto Nacional do Mini - Andebol, assentou em muitos factores. De entre outros, uma boa promoção inicial com materiais de qualidade, uma formação eficaz e abrangente de quadros, uma excelente relação com vários organismos e instituições oficiais e privadas, e também um enorme envolvimento dos pais e familiares.
Criar uma boa relação de trabalho com os pais é quase tão importante como a relação que se tem com as crianças. Com algum esforço conseguiu-se que os pais e familiares fossem os grandes organizadores dos convívios desportivos em muitas situações. A chave está no diálogo, na apresentação das propostas de programa e na auscultação das suas inquietações.
Os pais gostam de saber onde e com quem deixam os seus filhos, mas de uma forma precisa, exacta e organizada.
A realização de reuniões periódicas com os pais é determinante. Um momento para fazermos passar os pontos fortes da nossa mensagem, as nossas necessidades, dificuldades e expectativas. Uma excelente altura para tomarmos conhecimento do universo profissional dos pais e familiares e relacioná-lo com as nossas necessidades.
Muitos dirigentes apareceram, muitos monitores desportivos se revelaram, e em alguns casos muitos patrocinadores nasceram.
A realização de actividades conjuntas também é uma preocupação. Foram inúmeros os Campos de Férias Desportivos, onde para além da componente prática desportiva onde o pai poderia participar, a componente cultural e turística estava associada. Muitas crianças e adultos envolvidos no Projecto Nacional do Mini - Andebol conheceram locais, gentes e costumes que provavelmente não imaginavam.
É importante ter em conta que se queremos transmitir a mensagem mais cedo ao praticante, também estamos a chegar mais cedo aos pais, numa altura em que a ligação é muito forte e em que os pais só "cortam" ou pelo menos facilitam quando têm plena confiança.
Conclusão
Para formarmos cidadãos conscientes, responsáveis, independentes e que saibam agir em sociedade, temos de dirigir a educação à totalidade do Homem e ás suas reais necessidades. Só assim conseguiremos dotar os nossos jovens com uma série de pré - requisitos imprescindíveis à vivência na sociedade do futuro: um melhor auto-conhecimento, uma maior auto-estima, um melhor ajustamento da conduta, uma maior autonomia e uma acrescida responsabilidade social.
È neste contexto, que os jogos, institucionalizados ou não, que promovem e incentivam relações e reacções com uma forte componente sócio-afectiva, surgem como um meio de inegável valor educativo. Paralelamente ao ensino da leitura, da escrita, da aritmética, matérias ditas de base a educação desportiva deve ocupar um lugar privilegiado.
Carlos Garcia
Outubro de 2001
COMENTANDO...LIVROS E LEITURAS
Da leitura atenta de uma entrevista de Daniel Pennac, sem dúvida poderemos partir para algumas reflexões relacionadas com a temática que estamos a abordar. Trata-se de um autor de reconhecido valor mundial com experiência de ensino e que na entrevista não só nos proporciona o seu pensamento, como também nos obriga a olhar para o futuro com algum cuidado.
Sou da opinião, que nada substituirá um livro. Dificilmente as novas tecnologias o farão, a não ser que ... isto mude muito. A abordagem de um livro, obedece a um tempo próprio e a um espaço próprio também, numa conjugação e correlação permanente destes dois factores. O livro será sempre o elo de ligação entre nós e o mundo. Agora o tempo que vamos estar com ele é que vai variar e aqui entram muitos factores que podem condicionar esta relação. Daniel Pennac, levanta alguns:
- a maneira como a escola nos apresenta o livro;
- o comportamento dos Professores;
- a falta e por vezes fraca comunicação.
Eu acrescentaria outros que podem ser determinantes:
- a desfragmentação do conceito de família;
- as dificuldades de ordem física adiadas por variadas razões, entre as quais, questões económicas (como é que uma criança com problemas visuais vai gostar de ler?, como é que uma criança com problemas ao nível da concentração vai gostar de ler?...), não podemos esquecer que existe um grande número de crianças cujas limitações a nível intelectual, motor, visual entre outras são de tal gravidade que lhes torna impossível o acesso ou interesse à leitura.
A educação e a vida nascem juntas, correm juntas, desenvolvem-se juntas, morrem juntas. Enquanto professores actuamos e influenciamos num determinado tempo o processo educativo. Todas as pessoas podem, gostam e querem aprender a ler, agora temos de respeitar e compreender os tempos de cada uma. Estimular cedo também me parece um factor positivo. Motivar, sobretudo sem pressa tendo em conta:
• a interacção com os outros
• o êxito de cada tarefa
• a variedade de actividades propostas
• o prazer de manusear o material de leitura .
Termino este pequeno comentário com esta “pérola” de Daniel Pennac:
“ ...vivemos... (num tempo) ... onde você envaidece alguém ao lhe dizer que é inteligente demais para ter coração e o insulta se lhe disser que tem coração demais para ser inteligente.”
Carlos Alberto Ferrão Garcia
Sou da opinião, que nada substituirá um livro. Dificilmente as novas tecnologias o farão, a não ser que ... isto mude muito. A abordagem de um livro, obedece a um tempo próprio e a um espaço próprio também, numa conjugação e correlação permanente destes dois factores. O livro será sempre o elo de ligação entre nós e o mundo. Agora o tempo que vamos estar com ele é que vai variar e aqui entram muitos factores que podem condicionar esta relação. Daniel Pennac, levanta alguns:
- a maneira como a escola nos apresenta o livro;
- o comportamento dos Professores;
- a falta e por vezes fraca comunicação.
Eu acrescentaria outros que podem ser determinantes:
- a desfragmentação do conceito de família;
- as dificuldades de ordem física adiadas por variadas razões, entre as quais, questões económicas (como é que uma criança com problemas visuais vai gostar de ler?, como é que uma criança com problemas ao nível da concentração vai gostar de ler?...), não podemos esquecer que existe um grande número de crianças cujas limitações a nível intelectual, motor, visual entre outras são de tal gravidade que lhes torna impossível o acesso ou interesse à leitura.
A educação e a vida nascem juntas, correm juntas, desenvolvem-se juntas, morrem juntas. Enquanto professores actuamos e influenciamos num determinado tempo o processo educativo. Todas as pessoas podem, gostam e querem aprender a ler, agora temos de respeitar e compreender os tempos de cada uma. Estimular cedo também me parece um factor positivo. Motivar, sobretudo sem pressa tendo em conta:
• a interacção com os outros
• o êxito de cada tarefa
• a variedade de actividades propostas
• o prazer de manusear o material de leitura .
Termino este pequeno comentário com esta “pérola” de Daniel Pennac:
“ ...vivemos... (num tempo) ... onde você envaidece alguém ao lhe dizer que é inteligente demais para ter coração e o insulta se lhe disser que tem coração demais para ser inteligente.”
Carlos Alberto Ferrão Garcia
CRIANÇA SEM LIVROS???
“Como é possível ser criança sem livros? Sem partir, sem ter o coração cheio de nomes e de países? E, porque ser criança é próprio do homem, como é possível, também, ser adulto e ser homem sem o mistério e a desproporção dos livros? “
... não é possível ser criança sem livros.
Se isso acontecer estamos certamente a queimar etapas. O acesso democrático à leitura e à escrita é das conquistas mais poderosas que os povos de todo o mundo deveriam almejar neste novo século. Ao apropriarmo-nos da arte de escrever e ler, garantimos a autonomia e cidadania que tanto apregoamos e pretendemos.
Mas o problema é que a leitura e a escrita, ainda não são bens culturais, plenamente desejados e compreendidos pela nossa sociedade. Partindo da ideia de que o acesso democrático ao material escrito é condição básica para o incentivo à leitura, a biblioteca pública e a biblioteca escolar, apresentam-se como o espaço da sua realização e devem ser compreendidas como um direito e não como em muitos casos uma quarta ou quinta prioridade e em outros como um pesado encargo que tem de ser rentável. Penso que estas bibliotecas deveriam também ser serviços desejados pelas pessoas. Entender a necessidade de ler é uma questão cultural, parte e passa por um processo educativo ou de educação.
Quanto à biblioteca escolar ela deverá iniciar o estudante, na prática social de partilhar acervos, ensinando-lhe a importância da biblioteca para que, quando adulto, passe a desejá-la e exigi-la. Ou seja, é necessário que se introduza a biblioteca na vida da população desde cedo, por meio de campanhas educativas e esclarecedoras sobre o papel por ela representado, e que a escola a insira obrigatoriamente no seu universo cultural. O livro tem de estar próximo do leitor. A ausência do livro, no dia a dia das pessoas, é o maior entrave para a construção de uma sociedade leitora. Ser leitor não é uma questão de opção, mas de oportunidade.
Penso que medidas como:
... valorizar, socialmente, a leitura e a escrita de textos variados e de qualidade, criando condições de acesso e difusão da produção cultural escrita, bem como fortalecer as redes de bibliotecas públicas em todo o País;
...investir na biblioteca escolar como espaço indispensável, tornando-o centro aglutinador e difusor do conhecimento para toda a comunidade escolar;
...garantir verbas permanentes nos diferentes e diversos orçamentos para criar e equipar bibliotecas escolares e públicas com livros, máquinas e mobiliário e para a formação de profissionais do sector;
... apoiar e incentivar a criação de livrarias como projectos empresariais capazes de contribuir para a sustentação de políticas de educação e cultura...serão determinantes no ANTES DE LER.
Carlos Alberto Ferrão Garcia
19.Nov.2003
... não é possível ser criança sem livros.
Se isso acontecer estamos certamente a queimar etapas. O acesso democrático à leitura e à escrita é das conquistas mais poderosas que os povos de todo o mundo deveriam almejar neste novo século. Ao apropriarmo-nos da arte de escrever e ler, garantimos a autonomia e cidadania que tanto apregoamos e pretendemos.
Mas o problema é que a leitura e a escrita, ainda não são bens culturais, plenamente desejados e compreendidos pela nossa sociedade. Partindo da ideia de que o acesso democrático ao material escrito é condição básica para o incentivo à leitura, a biblioteca pública e a biblioteca escolar, apresentam-se como o espaço da sua realização e devem ser compreendidas como um direito e não como em muitos casos uma quarta ou quinta prioridade e em outros como um pesado encargo que tem de ser rentável. Penso que estas bibliotecas deveriam também ser serviços desejados pelas pessoas. Entender a necessidade de ler é uma questão cultural, parte e passa por um processo educativo ou de educação.
Quanto à biblioteca escolar ela deverá iniciar o estudante, na prática social de partilhar acervos, ensinando-lhe a importância da biblioteca para que, quando adulto, passe a desejá-la e exigi-la. Ou seja, é necessário que se introduza a biblioteca na vida da população desde cedo, por meio de campanhas educativas e esclarecedoras sobre o papel por ela representado, e que a escola a insira obrigatoriamente no seu universo cultural. O livro tem de estar próximo do leitor. A ausência do livro, no dia a dia das pessoas, é o maior entrave para a construção de uma sociedade leitora. Ser leitor não é uma questão de opção, mas de oportunidade.
Penso que medidas como:
... valorizar, socialmente, a leitura e a escrita de textos variados e de qualidade, criando condições de acesso e difusão da produção cultural escrita, bem como fortalecer as redes de bibliotecas públicas em todo o País;
...investir na biblioteca escolar como espaço indispensável, tornando-o centro aglutinador e difusor do conhecimento para toda a comunidade escolar;
...garantir verbas permanentes nos diferentes e diversos orçamentos para criar e equipar bibliotecas escolares e públicas com livros, máquinas e mobiliário e para a formação de profissionais do sector;
... apoiar e incentivar a criação de livrarias como projectos empresariais capazes de contribuir para a sustentação de políticas de educação e cultura...serão determinantes no ANTES DE LER.
Carlos Alberto Ferrão Garcia
19.Nov.2003
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