4.2.07

CRIANÇA SEM LIVROS???

“Como é possível ser criança sem livros? Sem partir, sem ter o coração cheio de nomes e de países? E, porque ser criança é próprio do homem, como é possível, também, ser adulto e ser homem sem o mistério e a desproporção dos livros? “

... não é possível ser criança sem livros.
Se isso acontecer estamos certamente a queimar etapas. O acesso democrático à leitura e à escrita é das conquistas mais poderosas que os povos de todo o mundo deveriam almejar neste novo século. Ao apropriarmo-nos da arte de escrever e ler, garantimos a autonomia e cidadania que tanto apregoamos e pretendemos.
Mas o problema é que a leitura e a escrita, ainda não são bens culturais, plenamente desejados e compreendidos pela nossa sociedade. Partindo da ideia de que o acesso democrático ao material escrito é condição básica para o incentivo à leitura, a biblioteca pública e a biblioteca escolar, apresentam-se como o espaço da sua realização e devem ser compreendidas como um direito e não como em muitos casos uma quarta ou quinta prioridade e em outros como um pesado encargo que tem de ser rentável. Penso que estas bibliotecas deveriam também ser serviços desejados pelas pessoas. Entender a necessidade de ler é uma questão cultural, parte e passa por um processo educativo ou de educação.
Quanto à biblioteca escolar ela deverá iniciar o estudante, na prática social de partilhar acervos, ensinando-lhe a importância da biblioteca para que, quando adulto, passe a desejá-la e exigi-la. Ou seja, é necessário que se introduza a biblioteca na vida da população desde cedo, por meio de campanhas educativas e esclarecedoras sobre o papel por ela representado, e que a escola a insira obrigatoriamente no seu universo cultural. O livro tem de estar próximo do leitor. A ausência do livro, no dia a dia das pessoas, é o maior entrave para a construção de uma sociedade leitora. Ser leitor não é uma questão de opção, mas de oportunidade.
Penso que medidas como:
... valorizar, socialmente, a leitura e a escrita de textos variados e de qualidade, criando condições de acesso e difusão da produção cultural escrita, bem como fortalecer as redes de bibliotecas públicas em todo o País;
...investir na biblioteca escolar como espaço indispensável, tornando-o centro aglutinador e difusor do conhecimento para toda a comunidade escolar;
...garantir verbas permanentes nos diferentes e diversos orçamentos para criar e equipar bibliotecas escolares e públicas com livros, máquinas e mobiliário e para a formação de profissionais do sector;
... apoiar e incentivar a criação de livrarias como projectos empresariais capazes de contribuir para a sustentação de políticas de educação e cultura...serão determinantes no ANTES DE LER.

Carlos Alberto Ferrão Garcia
19.Nov.2003